Retirado do Portal UAI.
Mapa das Águas mostra que melhora é pequena: apesar da injeção de R$ 1,4 bi no Velhas, ele ainda sofre agressão. A Bacia do Rio das Velhas, um dos maiores contribuintes do Rio São Francisco, recebeu investimentos de R$ 1,4 bilhão desde 2007, em projetos para melhorar a qualidade de suas águas. Ainda assim, sua situação é considerada crítica, se comparada ao ano anterior, segundo o Mapa da Qualidade das Águas 2010, divulgado ontem, Dia Mundial da Água. Em alguns pontos, os peixes voltaram, mas a carga de coliformes fecais e arsênio ainda existe. A situação é similar nas bacias dos rios Verde Grande e Paraopeba. Nesses locais, os índices violam os parâmetros por causa do esgotamento sanitário.
Em situação ruim estão as bacias dos rios Paraíba do Sul, São Francisco e Grande. A justificativa é a concentração urbana e a presença de atividade industrial. Por outro lado, a melhora das condições dos recursos hídricos foi observada nas bacias dos rios Itanhém, Jequitinhonha, Doce e Pardo. Na Bacia do Velhas, que recebeu grande parte dos investimentos do estado nos últimos quatro anos, a maioria das intervenções, segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) ficou a cargo da Copasa, que finalizou as construções das estações de tratamento de esgoto em Belo Horizonte – Onça e Arrudas –, ampliou a rede coletora de efluentes e desenvolveu o programa de caça esgoto clandestino.
Mais de R$ 200 milhões são enterrados na revitalização da Pampulha Em comparação com o ano anterior, o Mapa da Qualidade das Águas 2010 mostra que o Índice de Qualidade da Água (IQA) – que avalia em três classificações a contaminação dos recursos hídricos por causa de matéria orgânica e fecal, sólidos e nutrientes –, registrou aumento de 4% no IQA Médio, passando de 51,4% para 55,4%. A categoria Ruim sofreu queda de 4%, chegando a 22,1%, e o índice classificado como Bom permaneceu estável, em 21,2%.
Apesar de pouco expressiva, a melhora é tida como um grande passo no controle da contaminação nas bacias hidrográficas. As análises são feitas anualmente pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas, que integra o Sistema Estadual de Meio Ambiente (Sisema). Em 2010, as amostras da água foram coletadas em 522 estações de monitoramento, distribuídas em oito bacias. Segundo a subsecretária de Controle e Fiscalização Ambiental Integrada da Semad, Marília Melo, há comprometimento da água principalmente em regiões de adensamento populacional e presença de indústrias.
Neste caso, o indicador de qualidade das águas é a Contaminação por Tóxicos (CT), que acompanha a presença de metais pesados e 13 substâncias tóxicas, como arsênio chumbo, cobre, mercúrio e zinco. O estudo mostra que este nível se manteve baixo, apesar do aumento do Produto Interno Bruto (PIB), que gerou mais consumo e, portanto, mais produção de lixo e também de resíduos que podem afetar os rios.
“Fazemos o monitoramento desde 1997 e percebemos uma melhora geral. Há uma tendência do aumento de IQA Médio e a redução do índice Ruim. Na Contaminação por Tóxico, observamos uma preponderância do nível Baixo. Em 2010, trabalhamos com foco na Bacia do Velhas, por causa da concentração populacional, e já percebemos melhora. Como as metas do Mapa da Qualidade foram ampliadas para 2014, vamos continuar a remover matéria orgânica e nutrientes, ampliar o tratamento de esgoto dos municípios do entorno e articular com o setor produtivo para aprimorar o controle de efluentes industriais”, explicou.
A meta para o Rio das Velhas, que corta toda a RMBH, era torná-lo navegável e pronto para a pesca e o nado até 2010. De acordo com o coordenador do projeto Manuelzão, Thomaz Mata Machado, é possível afirmar que, apesar do atraso, 60% dos objetivos foram alcançados. “O programa foi desenvolvido pela universidade para o Rio das Velhas e nossa avaliação é positiva, com o biomonitoramento. Conseguimos reverter a dinâmica de poluir cada vez mais e trabalhamos numa cultura de recuperar os rios. Conseguimos perceber a presença de dourados, que, em 2000, só se encontrava a 200 quilômetros de Belo Horizonte. Hoje os peixes já estão em Lagoa Santa. Os ribeirinhos também dizem que perceberam melhoras no cheiro e coloração das águas”, afirmou o professor.
ETEs são fundamentais
Apesar das pequenas melhoras no Rio das Velhas relatadas por ribeirinhos, as amostras colhidas indicaram a presença de coliformes termotolerantes e arsênio, em função dos afluentes localizados próximos a indústrias de tinturaria, siderurgia e mineração. Mata Machado alerta que Nova Lima, Sabará e Sete Lagoas estão “atrasados” porque não têm estação de tratamento de esgoto (ETE) nem projetos para resolver o problema. “Atualmente, 60% do esgoto de BH e Contagem são tratados, mas temos que chegar a um nível próximo de 100%”, acrescentou.
Coordenadora do projeto de revitalização do Velhas, Myriam Mousinho diz que duas ETEs entram em funcionamento ainda este ano: ETE Veneza, em Ribeirão das Neves, e ETE Pedro Leopoldo. Duas ainda estão em fase de implantação – Santa Luzia e Justinópolis, também em Ribeirão das Neves. (PS)
Audiência na Pampulha
A Câmara Municipal de BH promove amanhã, às 13h, audiência pública para debater o assoreamento da Lagoa da Pampulha. Qualquer cidadão pode participar. Em sua edição de ontem, o Estado de Minas mostrou que na última década foram investidos mais de R$ 220 milhões para recuperar o espelho d’água. Agora, a PBH anuncia investimentos de mais R$ 187 milhões para dragagem de dejetos e revitalização ambiental do reservatório. A Câmara fica na Avenida dos Andradas, 3.100, Bairro Santa Efigênia.