Sustentabilidade no Cerrado de Guimarães Rosa

Notícia retidada do portal do Ministério do Meio Ambiente

Termina na sexta-feira, 18, o prazo de inscrição para instituições interessadas em executar o Plano de Sustentabilidade do Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu. Serão destinados R$ 2,6 milhões que vão beneficiar 23 comunidades em 11 municípios

16/02/2011

Uma das regiões mais belas e ricas em biodiversidade do Cerrado, entre o norte de Minas Gerais e o sudeste da Bahia, o Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu vai receber investimentos de R$ 2,6 milhões para a geração de renda com sustentabilidade. Serão beneficiadas 23 comunidades tradicionais com projetos de extrativismo vegetal e turismo ecocultural em 11 municípios no médio São Francisco. Os recursos são do Fundo Socioambiental da CAIXA para o incentivo à atividade econômica sustentável e à redução do desmatamento no bioma.

Termina nesta sexta-feira (18/2) o prazo para a chamada de dois projetos de execução do Plano de Desenvolvimento Territorial de Base Conservacionista, pronto desde o ano passado e aprovado pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente. A meta é agregar valor e ampliar o mercado de nove culturas vegetais extrativistas locais e financiar a construção de pousadas comunitárias para o desenvolvimento do turismo sustentável e cultural na região.

A inovação no processo é que as instituições selecionadas vão executar um plano que já está pronto e traz um diagnóstico completo da situação socioambiental na região. Ele foi elaborado pela Fundação Pró-Natureza (Funatura), uma das ONGs representantes da região Centro-Oeste no Conselho Nacional do Meio Ambiente e com atuação no Parque Nacional Grande Sertão Veredas desde a criação dessa unidade de conservação.

O primeiro, orçado em R$ 1,1 milhão, é destinado ao extrativismo e, para participar da chamada, a instituição precisa demonstrar que tem laços, atuação e integrantes das comunidades a serem beneficiadas. Os recursos serão aplicados nas culturas de frutas tradicionais como a caigaita, o umbu, o araticum e buriti e no beneficiamento da cultura da favela, que produz um fruto utilizado para a fabricação de medicamentos.

“Antes da organização das comunidades em cooperativas, o quilo da fava d’anta, espécie de legume extraído da favela, valia pouco mais de R$ 0,30 centavos, agora chega a R$ 1,20″, explica o técnico especialista do MMA, Fernando Lima. Para ele, projetos como esse são de fundamental importância na preservação ambiental do Cerrado. Desde meados do século 20, com a expansão da fronteira agrícola para produção da monocultora de soja, o bioma já contabiliza uma perda de 47% de sua cobertura vegetal nativa.

No setor de turismo ecocultural, R$ 1,5 milhão serão destinados ao incentivo a atividades turísticas, aproveitando a riqueza cultural do norte mineiro, seus cantadores, suas danças, como foco de atração turística. O mosaico, uma região de 15 mil Km2, ficou conhecida por ser palco da saga do romance Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa. Os caminhos percorridos pelos personagens do livro cortam o Parque Nacional com o mesmo nome, criado em 2005 para contribuir com a preservação do Cerrado.

Na região de Pandeiros é onde está situado o “pantanal mineiro”, um berçário natural que abastece a Bacia do São Francisco em quantidade e número de espécies de peixes. O Parque Nacional e seu entorno só agora começam a receber infraestrutura para o turismo.

As organizações interessadas em participar da chamada deverão enviar suas propostas até esta sexta-feira e apresentá-las conforme modelo do Programa de Elaboração de Projetos do FNMA, disponível na página www.mma.gov.br/fnma.

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